Importância do brincar para a formação integral das crianças no espaço escolar
Por Simone Costa, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I do Colégio São Luís, de São Paulo (SP). Possui MBA em Gestão Escolar pela USP, é pós-graduada em Psicopedagogia e pós-graduanda em Educação Socioemocional, extensão u
O brincar ocupa um lugar de destaque na vida da criança e se constitui como sua atividade principal, não porque predomina em sua rotina, mas porque exerce enorme influência sobre o seu desenvolvimento. É por meio das brincadeiras que as crianças exploram, descobrem e constroem conhecimentos sobre si mesmas, sobre o mundo que as cerca e sobre o seu relacionamento com os demais. Constatando, a partir desses fatos, que as brincadeiras contribuem para a formação integral das crianças, este artigo discute a importância de incluir o brincar na rotina escolar.
O brincar – livre ou dirigido – mobiliza a criança por inteiro, pois é uma atividade lúdica, que desperta a curiosidade, trabalha com o movimento e estimula a construção de estratégias e formas de pensar. Para Piaget (1967), “o brincar é a principal forma de aquisição de conhecimento para as crianças, pois é por meio da exploração e do brincar que as crianças podem se familiarizar com o mundo ao seu redor e aprender sobre o universo que as rodeia”.
Para o Projeto Educativo Comum (2021, p. 68) da RJE, o brincar integra o conjunto das experiências que são oferecidas aos estudantes e que “exploram e enfatizam as dimensões cognitiva, socioemocional e espiritual-religiosa, integrando e articulando todas as demais”, e funcionando, portanto, como uma forma de potencializar a aprendizagem integral.
A Base Nacional Comum Curricular (2018, p. 37), por sua vez, valida o brincar como eixo estruturante das práticas pedagógicas que respeitam a infância, indicando-o como caminho para as interações e aprendizagens dos pequenos estudantes. Segundo o documento, a criança aprende pela brincadeira e pela interação com seus pares, com os adultos, com os materiais e com os ambientes. Em outras palavras: para que a criança possa aprender, é necessário garantir a ela um contexto de brincadeiras e interações; é preciso defender o direito de a criança ser criança.
É durante a brincadeira que as crianças podem testar hipóteses, resolver problemas, tomar decisões e aprender com seus erros. Imaginando histórias, elas exercitam a capacidade de simbolizar, representam papéis e criam narrativas, desenvolvendo a linguagem, a memória e a imaginação.
Durante as interações com os colegas proporcionadas pelas brincadeiras, as crianças também desenvolvem habilidades socioemocionais: aprendem a lidar com os sentimentos; aprendem a respeitar as diferenças e o espaço do outro; exploram diferentes papéis sociais; compartilham; cooperam; trabalham em equipe; e resolvem conflitos.
Outro benefício oferecido pelo brincar é o desenvolvimento das habilidades motoras. Quando as crianças correm, pulam, escalam, recortam ou montam, essas atividades aprimoram a coordenação motora e fortalecem os músculos, além de proporcionar a sensação de bem-estar.
A brincadeira integrada ao contexto educacional atua ainda no campo da motivação e do engajamento dos estudantes. Quando as propostas de atividades são lúdicas e envolventes, as crianças participam ativamente, exploram e aprendem de maneira espontânea, o que torna o processo de aprendizagem mais atraente e mais estimulante. Ao proporcionar uma conexão entre teoria e prática, o brincar também torna o aprendizado mais significativo.
Conclui-se, portanto, ser fundamental que a escola promova um ambiente que valorize a brincadeira como uma prática educativa legítima, oferecendo espaços, materiais e oportunidades para que as crianças possam explorar, criar, interagir e aprender, pois, além de ser uma atividade prazerosa, o brincar estimula a criatividade e a imaginação, promovendo o desenvolvimento integral da criança. Ao integrar a brincadeira ao currículo escolar, a escola reconhece a importância do lúdico na aprendizagem e valoriza o protagonismo da criança na construção do conhecimento.
Fonte: Rede Jesuíta de Educação
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